6 de jun. de 2013

Joaquim Barbosa se irrita com juiz durante debate sobre criação de novos tribunais federais

Ministro Joaquim Barbosa Presidente do STF
O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Joaquim Barbosa, se irritou com o representante da Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil), nesta segunda-feira (8), durante audiência com associações de magistrados. Na reunião, o ministro deixou clara sua insatisfação com aprovação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que prevê a criação de mais quatro tribunais regionais federais no País.

Barbosa acusou os representantes das associações de terem agido de maneira “sorrateira” para “induzir” os parlamentares ao erro, fazendo o Congresso acreditar que a PEC traria benefícios.

— Pelo o que eu vejo vocês participaram de maneira sorrateira da aprovação. São responsáveis, à surdina, pela aprovação.

O clima na audiência esquentou e Joaquim Barbosa pediu para que o juiz baixasse o tom de voz e lembrou que ele estava no gabinete da presidência do STF.

— Somente dirija a palavra quando eu lhe pedir!

Barbosa também lembrou o vice-presidente da Ajufe que ele não havia sido convidado para a reunião e que deveria ficar apenas ouvindo. Para o ministro, o juiz se comportou de “maneira imprópria”.

Mesmo com o clima tenso da audiência, o presidente da AMB, Henrique Nelson Calandra, avaliou positivamente a reunião. Mas, ao fim do encontro, em entrevista a jornalistas, fez uma reflexão sobre o “poder” de Barbosa.

— A personalidade [de Joaquim Barbosa] é marcante, a mídia já sabe disso. [...] Eu até falei para ele o exemplo de César [imperador romano] que, sendo imperador do mundo andava alguém atrás dele dizendo “você é mortal”. Por mais poder que qualquer um de nós tenha é um poder transitório.

Corporativismo

Além da Ajufe, o presidente do Supremo recebeu representantes da AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros) e da Anamatra (Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho) em seu gabinete, no STF, em Brasília.

As associações entregaram a Joaquim Barbosa um documento com as reivindicações da categoria que eles gostariam que fossem debatidas com o ministro, que também presidente o CNJ (Conselho Nacional de Justiça).

Barbosa aproveitou o encontro para manifestar sua insatisfação com a aprovação da proposta que cria tribunais regionais federais em quatro Estados do País (Paraná, Minas Gerais, Bahia e Amazonas), mesmo sem o CNJ ter sido ouvido sobre o assunto.

O presidente afirmou que as associações agiram de maneira corporativista, sem levar em conta os interesses da sociedade.

— Houve mais interesse político do que técnico. Os órgãos técnicos não foram ouvidos. Não podemos raciocinar com aquilo que é de nosso interesse, temos que pensar no interesse de um todo. Estão empurrando a carreira de juiz federal para irrelevância.



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